IMPACTOS AMBIENTAIS E TECNOLOGIAS LIMPAS
O carvão é uma das formas de produção de energia mais
agressivas ao meio ambiente. Ainda que sua extração e posterior utilização na produção de energia gere benefícios econômicos (como empregos diretos e indiretos, aumento da
demanda por bens e serviços na região e aumento da arrecadação tributária), o processo de produção, da extração até a
combustão, provoca significativos impactos socioambientais.
A ocupação do solo exigida pela exploração das jazidas, por
exemplo, interfere na vida da população, nos recursos hídricos,
na flora e fauna locais, ao provocar barulho, poeira e erosão. O
transporte gera poluição sonora e afeta o trânsito. O efeito mais
severo, porém, é o volume de emissão de gases como o nitrogênio (N) e dióxido de carbono (CO2), também chamado de gás
carbônico, provocado pela combustão. Estimativas apontam
que o carvão é responsável por entre 30% e 35% do total de
emissões de CO2, principal agente do efeito estufa.
Considerando-se a atual pressão existente no mundo pela
preservação ambiental – principalmente com relação
ao efeito estufa e às mudanças climáticas – é possível
dizer, portanto, que o futuro da utilização do carvão está
diretamente atrelado a investimentos em obras de mitigação
e em desenvolvimento de tecnologias limpas (clean coal
technologies, ou CCT).
Para a mineração, as principais medidas adotadas referemse à recuperação do solo, destinação de resíduos sólidos e
negociações com a comunidade local. É com vistas à produção de energia elétrica, porém, que ocorrem os grandes
investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento), focados na redução de impurezas, diminuição de emissões das
partículas com nitrogênio e enxofre (NOx e SOx) e redução
da emissão de CO2 por meio da captura e armazenamento
de carbono.
Atualmente, as rotas mais importantes de tecnologias limpas são a combustão pulverizada supercrítica, a combustão
em leito fluidizado e a gaseificação integrada a ciclo combinado, segundo a IEA. Na combustão pulverizada supercrítica, o carvão é queimado como partículas pulverizadas, o
que aumenta substancialmente a eficiência da combustão
e conversão. O processo de combustão em leito fluidizado permite a redução de enxofre (até 90%) e de nitrogênio
(70%-80%), pelo emprego de partículas calcárias e de temperaturas inferiores ao processo convencional de pulverização. Já a gaseificação integrada a ciclo combinado consiste na reação do carvão com vapor de alta temperatura e
um oxidante (processo de gaseificação), o que dá origem
a um gás combustível sintético de médio poder calorífico
Esse gás pode ser queimado em turbinas a gás e recuperado
por meio de uma turbina a vapor (ciclo combinado), o que
possibilita a remoção de cerca de 95% do enxofre e a captura de 90% do nitrogênio.
Para a utilização do carvão nacional, as tecnologias que apresentam melhores perspectivas de aplicação comercial são,
atualmente, a combustão pulverizada e o leito fluidizado.
Tanto que as usinas de Jacuí e Candiota III utilizam a combustão pulverizada. Outros dois projetos, a usina Sul Catarinense
e a Seival, no Rio Grande do Sul, utilizarão, respectivamente, a
combustão em leito fluidizado circulante e a combustão pulverizada, segundo o Plano Nacional de Energia 2030. Em todas será possível utilizar, total ou quase totalmente, o carvão
bruto, sem necessidade de beneficiamento.
Já os efeitos das técnicas para seqüestro de carbono serão
sensíveis apenas no médio e longo prazo. Projeções apontam
que testes em escala comercial serão realizados em unidades
de geração até 2015. Neste caso, a primeira usina com emissão zero de CO2 entraria em operação em 2020.
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – disponível em www.aneel.gov.br